Vicissitude
Similar à Metamorfose em alguns aspectos, a Vicissitude permite que os espíritos moldem e esculpam carne e ossos, a sua própria ou a dos outros.
25 março 2017
03 janeiro 2013
Quimera
30 dezembro 2012
Eternidade revisitada
06 maio 2012
Ambiguidade
Mutilei o teu corpo.
Magoei-te.
Hoje tens dores nas costas,
perdeste as forças,
sentes-te velhinha.
M Ã E
Eu bebi do teu leite.
Alimentei-me de ti.
Por mais dores que te possa ter trazido,
mas também por elas,
os nossos, mesmo que invisíveis às vezes,
são laços que não se quebram.
Com Amor.
(duplo)
11 março 2012
8, 9...
Dóis-me tanto! Tanto e tão fundo, tão fundo que nem consigo chorar-te! Um fundo de núcleo terrestre. Ardo. Sinto-me a queimar por dentro como um pedaço de papel amarrotado. Ardem palavras inscritas que se tornaram ilegíveis às sensações e ao tempo. Fica este silêncio, este silêncio e esta escuridão. Procuro esconder-me de mim no mundo, mas acompanho-me sempre. E por detrás de cada sorriso, por detrás de cada palavra simpática, de um bom humor contagiante que roça a loucura, está o rosto sem máscara, que pinga ainda sangue e lágrimas, está o reflexo do olhar de uma Medusa espalhado por um corpo esquecido. Implodo constantemente, sou onda que bate de encontro à encosta e é devolvida ao mar com a mesma violência. Preciso respirar e não consigo; trago uma corda atada ao pescoço que me esmaga a traqueia. Não sei viver na minha pele, não me reconheço. Aterrei num planeta estranho, ao qual sinto que não pertenço, caminho desfasada. Caminho sem verdadeiramente caminhar, pois é só aqui que me encontro comigo, a sós, nesta angústia corrosiva e esgotante que não consigo arrancar de mim nem à força. Nada me faz sentido. Nada. Do que foi. Do que não foi. Do que ficou por ser e jamais poderia ter sido. O conflito interior em cessar fogo, pelo vazio que me habita. Será que morri? Será isto o limbo, a transição através de coisa nenhuma? Será isto a ressaca da maior dependência que já sofri? Ou será isto o abandono em negação do Maior Amor que já conheci, mutilado e torturado desde o dia em que nasceu? Amor que não jaz, morto-vivo preso a mim, arrastando-me pelas horas, pelos dias que conto mas parecem não passar...
19 novembro 2011
Nicest Thing
"All I know is that you're so nice
You're the nicest thing I've seen
I wish that we could give it a go
See if we could be something
I wish I was your favourite girl
I wish you thought I was the reason you are in the world
I wish my smile was your favourite kind of smile
I wish the way that I dressed was your favourite kind of style
I wish you couldn't figure me out
But you'd always wanna know what I was about
I wish you'd hold my hand
When I was upset
I wish you'd never forget
The look on my face when we first met
I wish you had a favourite beauty spot
That you loved secretly
'Cause it was on a hidden bit
That nobody else could see
Basically, I wish that you loved me
I wish that you needed me
I wish that you knew when I said two sugars,
Actually I meant three
I wish that without me your heart would break
I wish that without me you'd be spending the rest of your nights awake
I wish that without me you couldn't eat
I wish I was the last thing on your mind before you went to sleep
Look, all I know is that you're the nicest thing I've ever seen
And I wish that we could see if we could be something
Yeah I wish that we could see if we could be something"
22 agosto 2010
22
Hoje amanheço na praia de um Outubro nosso, onde nos banhámos e amámos sem limites. O sol afinal já vem aí, mas não nasce para mim. Levanta-se enquanto eu me deito e absorvo as réstias indeléveis do teu cheiro na almofada e sonho ainda acordada com um “até já” que não acontece.
Não foste tu quem me trouxe aqui. Caminhei pelos meus próprios cascos, descalça e vulnerável, saltei aturdida do curro para uma arena sem saídas de emergência. Vi-me encurralada. Aproximei-me de ti como besta ingénua e curiosa que fareja. Reconheci-te e confiei-me. Um dia alimentaste-me os sonhos mais puros, as fantasias mais secretas. Coloquei-me por isso à tua mercê. Dei de mim tudo o que tinha e tudo o que a vida me emprestou. Não te temi após as primeiras investidas. Estranhei-te, como um filho espancado por um pai alcoolizado, que não percebe o que fez para o provocar. Não te temi quando me tingiste de vermelho. Encolhi-me e chorei, achando que a culpa era minha. Não te temi quando a incredulidade me tomou de assalto ao insistires nos golpes. Nem tentei escapar. Permaneci, hirta e quase firme. Depois a dor tornou-se acutilante. Revoltei-me contra ela. Sentidos entorpecidos, agredi-te com o ímpeto próprio do instinto natural de sobrevivência. Parti madeira e ferro, rasguei pano e pele, ensandecida. Debati-me como qualquer animal atingido mortalmente. Parti-te a ti. Mas nunca quebrei laços.
Agora desfaleço devagar. O meu couro não é tão resistente como o de outros membros da raça bovina, nem a minha subespécie é adaptada aos frenesins tauromáquicos. Tenho o mar a jorrar-me dos olhos e o sangue das artérias. Já nada no meu ser moribundo clama os arrufos da tua desumanidade. Já não há força no meu tumulto que me acoberte de ti. Deixa tombar as bandarilhas, arranca de mim as garrochas e degola-me. É o único acto de misericórdia que te resta. Ou quebra decisivamente e mistura o teu sangue com o meu, resgatando-me assim desta morte lenta.
19 agosto 2008
A cada segundo da minha existência
Querer falar-te em gestos, mais do que em palavras,
do arrufar infatigável da saudade no meu peito
em dias uns iguais aos outros, de monotonia imperturbável,
nos lugares a sós onde o teu toque ausente ocupa todos os meus sentidos.
Porque nestas horas em que não te falo, o meu pensamento voa até ti
como as ondas na constância nítida das marés,
e toda eu sou sal por dentro,
em amor e nostalgia.