11 março 2012

8, 9...



Dóis-me tanto! Tanto e tão fundo, tão fundo que nem consigo chorar-te! Um fundo de núcleo terrestre. Ardo. Sinto-me a queimar por dentro como um pedaço de papel amarrotado. Ardem palavras inscritas que se tornaram ilegíveis às sensações e ao tempo. Fica este silêncio, este silêncio e esta escuridão. Procuro esconder-me de mim no mundo, mas acompanho-me sempre. E por detrás de cada sorriso, por detrás de cada palavra simpática, de um bom humor contagiante que roça a loucura, está o rosto sem máscara, que pinga ainda sangue e lágrimas, está o reflexo do olhar de uma Medusa espalhado por um corpo esquecido. Implodo constantemente, sou onda que bate de encontro à encosta e é devolvida ao mar com a mesma violência. Preciso respirar e não consigo; trago uma corda atada ao pescoço que me esmaga a traqueia. Não sei viver na minha pele, não me reconheço. Aterrei num planeta estranho, ao qual sinto que não pertenço, caminho desfasada. Caminho sem verdadeiramente caminhar, pois é só aqui que me encontro comigo, a sós, nesta angústia corrosiva e esgotante que não consigo arrancar de mim nem à força. Nada me faz sentido. Nada. Do que foi. Do que não foi. Do que ficou por ser e jamais poderia ter sido. O conflito interior em cessar fogo, pelo vazio que me habita. Será que morri? Será isto o limbo, a transição através de coisa nenhuma? Será isto a ressaca da maior dependência que já sofri? Ou será isto o abandono em negação do Maior Amor que já conheci, mutilado e torturado desde o dia em que nasceu? Amor que não jaz, morto-vivo preso a mim, arrastando-me pelas horas, pelos dias que conto mas parecem não passar...



1 comentário:

sm disse...

E quando o caos chegar
Nenhum muro vai te guardar
De você