03 janeiro 2013

Quimera


Existes nos meus sonhos. 
Ouço o teu riso naquele limbo incorpóreo entre a realidade e a fantasia. 
Sentas-te comigo na relva e acendemos uma fogueira. 
As labaredas protegem-nos do bafo gélido da noite e dançam no teu rosto.
Mergulho nessa luz celestial, eternamente romântica, como um banho à luz de velas.
O céu abre-se. A lua está ainda na fase cheia. A minha estrelinha pisca-me o olho. 
O novo ano começa. É um bom prenúncio. 
Surges-me com traços divinos, com a loucura dos que nada temem, com a intensidade vulcânica dos momentos fugazes. 
Em mim, a permanência. Aquela certeza que carregam os que amam sem esperarem nada em troca. Uma vez Tua, para sempre Tua. 
Mesmo que num incorpóreo à semelhança do limbo que nos separa. 
Mesmo que já não existas concretamente, ou que nunca tenhas existido. 
A matéria é a mera expressão física do que não cabe na união de dois corpos.
Somo-nos assim mesmo, nesta ausência indeclinável. 
Rebenta o fogo de artifício. O esplendor perpetua-se. 
Chuvisca. Soltam-se fadas das brasas incandescentes, que abençoam e encantam.
Seguem-se doze passas nada tradicionais. Sorrio a cada uma. 
Desejos, tenho menos, mas neles cabes tu, de uma forma que por superstição não irei revelar, dentro e fora dos sonhos que nenhuma vida, nenhuma morte poderá levar de mim.



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