Azeitonas. Consta que as negras são as mais doces. Nunca gostei de azeitonas. Até provar o teu olhar. Até fazer do teu corpo, pomar de oliveiras, a minha cama, o meu abrigo. Voltei a ele como um Outono, vezes sem conta. Vesti-o de um verde seco e pendurei-lhe os teus olhos. Vastidão cintilante que tanto me encanta. Sem me dar conta, preparei-o para a apanha, para ser fustigado e degustado por outrem, num Novembro pleno de chuva. Agora corre-me azeite nas veias. Gorduroso, espesso, acre. Colesterol maligno, que me entope vasos sanguíneos e pensamento. Já não gosto de azeitonas. Têm um travo amargo e são prejudiciais à saúde. A melancolia exacerbada também. Já não gosto de azeitonas. Mesmo que minta quando o digo.
photo eyes by envidiosa
9 comentários:
na mouche.
mesmo e tanto.
....
gosto MESMO deste teu espaço de palavras e imagens e.
hei-de voltar sempre.
@-,-'-
(ainda sobre londres:http://www.youtube.com/watch?v=1_G4BlTn82Y )
Nana... espero bem que sim! Foi bom "tropeçar" em ti. :)
Já tinha visualizado o vídeo no teu blog. Está demais! É como se ambas as cidades se encontrassem ligadas por laços de sangue.
O que queres que te leve de Lisboa na minha próxima visita a Londres? ;)
Hummmm..., cá para mim ainda gostas.
Gostei da forma como escreveste o texto.
Beijos...
Obrigada mais uma vez, Dhyana. E eu gosto dessa tua análise perspicaz. ;)
Gostas. Amas.
E é talvez isso que te dói mais.
Por vezes, encontramo-nos no meio de um mar imenso sem bóia e sem tronco de árvore que nos salve.
Por vezes, o Amor pode parecer desilusão na sua superfície mas no interior será sempre alimento e razão para se soltar um sorriso.
Bonito texto.
:)
Boa noite, Francesca. Muito obrigada pela apreciação. Plagiando o Oswaldo Montenegro:
"Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço
e que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada
porque metade de mim é o que penso
mas a outra metade é um vulcão.
(...)
E que a minha loucura seja perdoada
porque metade de mim é amor
e a outra metade... também."
lamia,
obrigada por teres deixado na minha ínsua um rasto que me permitiu chegar aqui. gosto da tua escrita, bem como da estética do teu blog.
*
pois, estes coágulos podem ser fatais, se atingirem irremediavelmente o coração e o cérebro...
*
quanto ao comentário que deixaste no meu blog: sim, as ruínas simbolizam a memória.
fiquei-me pelos teus três posts mais recentes mas voltarei logo à noite, para ler mais de ti.
um abraço
Aquilária, apreciei deveras o comentário e a visita. Volta quando quiseres. A porta fica entreaberta. Se for esta noite, agradeço apenas que tragas uma lanterna, ou uma velinha acesa. Não te assustes com as sombras.
:)
lamia, quem há tanto tempo vive com as sombras, não as receia. mas obrigada pelo aviso... :)
entretanto, ontem voltei,antes de cair a noite. gostei, gostei mesmo, sobretudo do que descreves nas linhas e escreves nas entrelinhas daquele teu "entardecer".
abraço
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